Por Leandro Bovo
O ano de 2019 começa a ganhar dinâmica e aos poucos o mercado de boi gordo vai retomando o ritmo normal de negociação, à medida que os pecuaristas retornam das férias e avaliam as oportunidades de negócio. Como as chuvas dessa safra começaram mais cedo, já existe um fluxo um pouco melhor de animais de pasto, sobretudo fêmeas e isso tem permitido um aumento na pressão baixista por parte das industrias.
Além da melhora do fluxo de oferta, a carne tem trabalhado em queda no mercado interno, numa situação absolutamente normal e esperada, após a subida de preços tradicional de fim de ano. Esses fatores somados à queda do dólar tem sido a “desculpa” das mesas de compra para tentar impor recuos nas cotações, porém essa não tem sido uma tarefa fácil na maioria das praças pecuárias, com exceção do MS.
O estado do Mato Grosso do Sul foi onde os preços recuaram com maior intensidade nesse início de ano, sobretudo pela melhor oferta de fêmeas, o que trouxe o diferencial de base para o maior valor nos últimos meses. Repare no gráfico abaixo, como nos estados tradicionais produtores de gado a pasto como MS, GO e RO os diferenciais abriram de forma significativa com relação aos últimos meses. Já no MT que tem se destacado pelo aumento da produção em confinamento a situação é a oposta, ou seja, os diferenciais de base estão fechando.
Para quem usa a B3 no seu gerenciamento de risco de preços, seja via mercado futuro ou opções, o diferencial de base é um componente importantíssimo no resultado da operação. Na safra do ano passado os produtores do MS acabaram sofrendo muito com o alargamento do diferencial frente à São Paulo e se tomarmos o início de 2019 como referência essa situação deve se repetir. Infelizmente não existem ferramentas disponíveis para se gerenciar esse diferencial a não ser via negociação direta com as indústrias. Para quem é de fora de São Paulo e quer usar a B3, é sempre importante analisar bem o histórico considerando a sazonalidade safra e entressafra e ser conservador no diferencial usado no cálculo gerencial da operação para evitar surpresas desagradáveis.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***