O grande aumento de produtividade na pecuária nos últimos anos veio acompanhado também de um aumento do uso de milho na nutrição dos bovinos. Independente da estratégia nutricional adotada, desde confinamento sem volumoso, até suplementação proteico energética no período chuvoso, o aumento do uso de milho nas dietas é uma realidade que veio para ficar. Essa nova estrutura de alimentação aumenta a performance animal, mas vem acompanhada de aumento de custos e maior exposição à volatilidade de preços mesmo para os animais criados a pasto.

 O milho, como toda commodities agrícola que o Brasil exporta, está exposto a uma série de fatores internos e externos que impactam diretamente em sua precificação. Apenas para citar os mais relevantes temos: clima no Brasil e nos demais países produtores, demanda no Brasil e demais países importadores, taxa de cambio, dentre outros. A produção brasileira de milho é majoritariamente dependente da safrinha, o que exacerba ainda mais o componente climático na precificação do cereal. Provavelmente ainda está bem vivo na memória de todos a escalada de preços de 2016 por conta da quebra da produção da safrinha principalmente no MT.

 Até o momento as expectativas para a oferta de milho no restante do ano são positivas, com a safrinha sendo plantada dentro da janela ideal, cambio com tendência de queda e expectativa de aumento da área plantada com milho nos EUA. Essa expectativa positiva é refletida no mercado futuro pelo diferencial de preços entre o contrato de milho maio e o setembro, que atingiu nessa semana seu maior diferencial no ano, como pode ser observado no gráfico abaixo.


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O diferencial de preços entre maio e setembro é hoje de R$3,50/saca o que representa uma queda de aproximadamente 10% nos preços entre o primeiro e o segundo semestre, o que é bastante alto para os padrões históricos. Caso tudo ocorra conforme o cenário desenhado até agora, é possível que quedas iguais ou até maiores que essas aconteçam, porém, dado o risco climático envolvido na produção, é sempre prudente aproveitar momentos de otimismo como o atual para utilizar ferramentas que mitiguem o risco de preço. Comprar seguro de preço máximo ou até mesmo o spread vendendo milho maio e comprando milho setembro apostando que esse diferencial irá diminuir com o passar do tempo estão entre as mais fáceis de serem implementadas no mercado de milho da B3.

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi e Companhia” da Scot Consultoria***