A essa altura todos envolvidos no negócio de proteína animal já devem estar plenamente cientes do impacto da Peste Suína Africana (PSA) na China e seus efeitos no mercado mundial de carnes. A expectativa era de um enorme salto nas exportações dos principais países produtores e os dados do ano até agora mostram que essa expectativa vem virando realidade.

No acumulado do ano, as exportações de suínos subiram 23,40% em receita e 24,5% em volume, desempenho esse que pode ser atribuído em grande parte à demanda Chinesa, que aumentou em 30,7% suas compras de suínos brasileiros em 2019. No caso do frango, o desempenho das exportações também foi muito positivo, embora menor do que o dos suínos, com aumento de 14,9% em faturamento e 11,4% em volume na comparação com o primeiro semestre de 2018. No frango a China também foi o destaque, com aumento de 22,6% nas compras no semestre.

A consequência óbvia desse aumento da demanda na exportação é um encarecimento dessas duas proteínas no mercado interno, cujo aumento de preços nos últimos 12 meses foi significativo, como pode ser observado no gráfico abaixo:


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A alta acumulada nos últimos 12 meses na carcaça suína foi de 55,30% enquanto a de frango foi 32,3%, o que tem deixado o consumidor sem alternativa barata para substituir a carne bovina.

Essa realidade no mercado interno, somada ao aumento das exportações de carne bovina traçam um cenário bastante promissor para os próximos meses. Se acrescentarmos nessa conta os preços altíssimos da reposição e o achatamento de margem vivido pela pecuária de corte nos últimos anos, temos o caminho aberto para alguma reprecificação da arroba no futuro próximo. Resta saber se o enorme aumento da produtividade dos últimos anos permitirá que esse cenário se concretize, afinal a boa e velha lei da oferta e demanda é a que dará a palavra final.

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (11/7) da Scot Consultoria***