Por Leandro Bovo da Radar Investimentos

O boi gordo perdeu um pouco de volatilidade e parece ter encontrado um preço de equilíbrio nas últimas semanas. Os preços ao redor de R$300/@ em São Paulo e R$290/@ em MS, GO e MT aparentemente conseguiram equalizar a baixíssima oferta à fraca demanda do mercado interno e por hora uma nova rodada de alta não precisou acontecer.

Sem muitas notícias com relação à oferta de boi gordo, o que chamou a atenção nessa semana foi o fraco desempenho das exportações em fevereiro, com metade dos embarques do mês já contabilizados o volume exportado foi de apenas 45 mil toneladas, ritmo esse que se mantido representará um embarque de apenas 90 mil toneladas no mês, com recuo de 16% frente a jan21 e de 18,5% frente a fev/20.

Como as exportações ganharam muita importância na precificação da @, essa redução de volume embarcado gerou muita preocupação entre os produtores, com relação á sustentabilidade do atual nível de preços da arroba,  porém se analisarmos com um pouco mais de profundidade, veremos que essa diminuição ainda não representa um grande problema porque ela é derivada muito mais da baixa oferta de boi gordo e por consequência da baixa disponibilidade de carne para exportação, do que por uma menor demanda de nossas compradores externos.

O fiel da balança para se concluir esse raciocínio é justamente os preços da carne no mercado interno, esse sim, com a demanda muito machucada pela atual conjuntura econômica brasileira. Na situação atual, com a demanda interna extremamente sensível ao nível de preços, seria de se esperar que uma diminuição das exportações e por consequência um maior direcionamento de carne para o MI se refletisse em recuo nos preços da carne, porém o que aconteceu foi o exato oposto disso. Observe no gráfico abaixo a evolução dos preços da carne no MI no ano de 2020 (linha azul) e 2021 (linha vermelha).


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A dinâmica dos preços em 2021 foi bastante diferente do que seria esperado para o sazonal do ano e chama ainda mais a atenção quando associada ao recuo no volume exportado e isso é reflexo da baixíssima oferta de animais para abate. Essa realidade deve persistir ainda no curto prazo, por isso o recuo das exportações em fevereiro, apesar de ter que ser acompanhado mais de perto, ainda não representa uma grande ameaça para os preços de curto prazo.

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (18/fev) da Scot Consultoria**