Os ministros da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e da Saúde, Marcelo Queiroga, sugeriram a adoção do slogan “pátria de máscaras” e anunciaram hoje o pedido junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a realização de testes da fase 1 e 2 para uma vacina contra a covid-19, depois de reunião que não constava na agenda.

 

Trata-se de um imunizante desenvolvido em parceria entre duas empresas e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (USP).

A reação ocorre horas depois de o governador de São Paulo, João Doria, ter anunciado uma vacina 100% desenvolvida pelo Instituto Butantan, a Butanvac. Mas, segundo Pontes, o protocolo para registro do imunizante da USP, batizado de Versamune, foi feito ontem na Anvisa.

Segundo ele, serão feitos testes com 360 pessoas nessas fases, para atestar a segurança da vacina. “Logo após, entram esses testes clínicos fase 3, com 20 mil, 30 mil pessoas para testar a eficiência da vacina”, disse. “Essa é uma vacina que nós desenvolvemos com o professor Célio Lopes na faculdade de medicina de Ribeirão Preto, com a equipe dele.”Segundo ele, os testes nas fases 1 e 2 devem durar cerca de três meses.

“Depois, com as 20 mil pessoas, a ideia é que seja o mais acelerado possível. A ideia é que a gente faça aberturas lá no meio e pode ser solicitado o uso emergencial também das vacinas”, afirmou.

Segundo ele, o desenvolvimento de vacinas “é uma estratégia extremamente importante para o país”.

“Primeiro porque existem mutações de vírus. Então, tendo o controle completo da vacina, a gente pode adaptar isso com a nossa tecnologia. Segundo, porque fica mais barato”, disse.

Além disso, afirmou, o desenvolvimento dessas tecnologias será importante para o país enfrentar outras pandemias que estão por vir. “Isso é estratégia de soberania nacional. A gente viu as dificuldades todas que nós tivemos para a importação. Também permite vacinas para dengue, chikungunya, doenças negligenciadas. Tudo isso tem ficado no escopo de desenvolvimento de tecnologias do Ministério da Ciência e Tecnologia”, afirmou.

Ele atribuiu a uma “coincidência” a apresentação da Versamune horas depois do anúncio de Doria. “Do meu ponto de vista deve ter sido uma coincidência que ele apresentou em São Paulo essa outra possibilidade. O que é bom para o país, porque nós precisamos ter várias vacinas nacionais”, afirmou.

Queiroga, por sua vez, defendeu que “o importante é vacinar a população brasileira”. “Esse é o principal ativo para por fim à pandemia, que é o que todos nós queremos”, afirmou.

Ele lembrou que o Brasil já tem acertadas mais de 500 milhões de doses de vacina. “Já é o quinto país do mundo que mais vacina, embora em proporção à nossa capacidade de vacinar ainda não estamos vacinamos como nós queremos”, afirmou. “O nosso país tem 27 mil salas de vacinação. E nós já nos comprometemos com os brasileiros de que já no começo de abril teremos 1 milhão de doses aplicadas por dia. Queiroga disse que há outra vacina sendo desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo, liderada pelo professor Jorge Kalil.

“Somente com um volume de vacina maior é que teremos a capacidade de fazer com que o nosso Plano Nacional de Imunizações (PNI) mostre toda a sua força. Esse é o forte desejo do governo.”

O ministro da Saúde também pediu que as pessoas usem máscaras para conter o alastramento do vírus, sobretudo no feriado da Semana Santa. “É importante neste momento, se todos usarem as máscaras, têm o poder de bloquear o vírus tão grande quanto a campanha de vacinação”, disse. “Estamos nos aproximando de um feriado, que é a Semana Santa. As pessoas devem fazer as suas reflexões, reflexões cristãs, mas usando máscaras, evitando aglomerações, evitando estar umas junto às outras.”

Para ele, é “hora de combater a pandemia e diminuir a circulação do vírus”, com medidas como a lavagem de mãos. Isso permitirá diminuir o número de casos, internações e mortes.

“Eu estava aqui conversando com os amigos e lembrando que na época da Copa do Mundo a nação se une. [Isso] se chama ‘Pátria de Chuteiras’. Agora é ‘Patria de Máscara'”, disse. “É um pedido que eu faço a cada um dos brasileiros: usem a máscara. Nós do governo vamos trabalhar para ter um aporte de vacinas suficientes para imunizar a nossa população.”