O ano de 2017 vem sendo um bom ano de margens para as indústrias. Diante de todos os problemas enfrentados pelo maior comprador do mercado, as demais industrias foram beneficiadas tanto na compra de gado como na venda da carne, o que trouxe as margens para patamares em linha com os melhores momentos da história do setor.
Com as margens melhores, a movimentação foi no sentido de ampliar os abates, seja pela abertura de plantas fechadas seja pela maior utilização da capacidade existente, ou uma combinação dos dois fatores, mas o fato é que essa maior demanda por boi já começa a impactar negativamente as margens médias no mercado interno, como pode ser observado no gráfico abaixo que mostra a diferença entre o valor apurado na venda da carne com osso e o preço da @ do Índice Esalq à vista.
Repare que o valor de hoje ainda é acima da média, porém bastante abaixo dos melhores momentos do ano.
Há no mercado um consenso de que as ofertas tendem a diminuir até o final do ano, época em que tradicionalmente o consumo de carne sempre apresenta alguma melhora. Essa composição altista está refletida nos preços do mercado futuro operando com uma consistente alta nas últimas semanas, trazendo o contrato de nov/17 para R$142,50/@ e dez/17 a R$145,00/@.
Já estamos na segunda virada de mês consecutiva onde não ocorre nenhuma melhora nos preços da carne bovina no atacado, evidenciando que o consumo ainda se ressente do impacto da alta taxa de desemprego e da crise econômica afetando o poder de compra do consumidor.
A questão que se coloca para o restante do ano é qual será a atitude da indústria caso a falta de oferta provoque altas de preços como a sinalizada pelo mercado futuro atualmente. Será que haverá alguma racionalização da capacidade de abate de modo a tentar evitar fortes altas no preço do boi gordo e assim preservar as margens? Ou a briga para ter boi na escala será mais importante? O comportamento do mercado futuro até agora indica maior probabilidade da segunda opção…