A estratégia da indústria de reduzir o volume de animais abatidos começa a surtir efeito e aliviar a situação da indústria tanto na venda da carne quanto na compra do boi gordo. O grande aumento da capacidade de abate com a reabertura de plantas e/ou ampliação dos abates nas plantas existentes vinha cobrando um caro pedágio devido à compressão das margens nesse início de ano. O aumento dos abates prejudicava a indústria duas vezes, já que aumentava a demanda por bois além de pressionar a venda de carne no mercado interno, essa situação se arrastou desde o começo do ano e agora aparentemente inicia uma tentativa de racionalizar os abates para tentar reverter a situação.

Ainda não são ouvidas notícias de fechamento de plantas ou férias coletivas, porém, diminuição dos abates diários, industrias deixando de abater aos sábados e demissão de funcionários devido à reorganização da produção tem ocorrido com maior frequência. Esses fatores conseguiram ajustar a produção e a menor oferta de carne foi suficiente para que os preços subissem no atacado. Essa alta, no entanto, não se refletiu na melhora de preços do boi gordo que continua enfrentando pressão baixista.

Até o momento, essa pressão não tem sido efetiva, já que diante de preços menores os pecuaristas têm retraído as vendas deixando as industrias com escalas de abate bastante curtas, que foi o que ditou a tônica do mercado até agora. A questão que se coloca, no entanto é que de agora em diante a capacidade de retenção dos animais no pasto começa a diminuir e os animais mantidos em engorda durante toda a safra podem começar a vir para o mercado. Se esse possível aumento de oferta ocorrer simultaneamente a uma maior diminuição dos abates nos próximos meses, isso pode dar vazão a pressão baixista. Essa leitura, no entanto, não está refletida na curva de preços do mercado futuro, que precifica maio e junho no mesmo preço das cotações atuais, com as cotações subindo a partir daí. Para quem acreditar que a pressão de baixa vai mesmo aumentar até o fim da safra, essa pode ser uma boa oportunidade de fixar preços de venda.

**texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria**