Abordamos nesse espaço na semana passada a situação bastante difícil enfrentada pela pecuária atualmente, onde o fluxo de notícias negativas era tão intenso que deixava até mesmo os mais otimistas desanimados. Infelizmente a situação não mudou muito durante essa semana e na verdade surgiu mais uma notícia negativa para quem tem pecuária fora do estado de São Paulo, que é o alargamento do diferencial de base.
Com a estiagem já durando mais de 15 dias em muitas regiões produtoras, o movimento de oferta vem ganhando força e algumas praças como Goiás e Minas Gerais tiveram quedas mais significativas do que a praça paulista nos últimos 30 dias, alargando assim o diferencial de base. Acompanhe no quadro abaixo:
O alargamento do diferencial de base representa uma perda de valor das praças pecuárias em relação ao boi paulista e isso é uma má notícia para quem tem boi fora do estado de São Paulo e usa a B3 para fixar preços ou garantir preços mínimos. Como a queda de preços na região onde os bois foram abatidos foi maior do que a de São Paulo a proteção contra a queda acabou não sendo perfeita.
Geralmente o diferencial de base não fica mais aberto que o normal por muito tempo, já que quando isso acontece, a pressão compradora na praça mais cara diminui e aumenta na praça mais barata, tendendo a reequilibrar os preços relativos novamente. Esse reequilíbrio pode acontecer pela alta nas praças, ou por maiores quedas em São Paulo. Infelizmente com o aumento de oferta no final da safra a segunda hipótese acaba sendo a mais provável. Veremos.
**texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria**