Nas últimas semanas chamamos a atenção para o grande ágio embutido no mercado futuro de boi gordo frente ao mercado físico que deveria ser de alguma forma aproveitado por quem tinha animais para venda ao longo da entressafra. Essas condições de ágio exuberantes geralmente não duram muito tempo e são corrigidas ou pela queda do mercado futuro, ou pela alta do mercado físico ou por uma combinação desses dois fatores.
Essa última situação é a que estamos observando agora, com o mercado físico subindo e o mercado futuro caindo, trazendo o diferencial entre o Índice Esalq à vista e o contrato de out18 de 8,60% na semana passada para 5,30%, uma correção de mais de praticamente 4 reais em uma semana.
A dinâmica do mercado físico ainda continua bastante construtiva, com os efeitos da entressafra na oferta de animais sendo sentidos pelas indústrias e tendo como consequências aumento nos preços. Como a oferta de animais no primeiro giro de confinamento pode ter sido impactada negativamente pelo alto custo dos grãos, é provável que a dificuldade de compra ainda se estenda pelas próximas semanas.
Do lado da demanda, o mês de julho é tradicionalmente um mês de menor consumo no mercado interno, porém os preços da carne no atacado sentem os efeitos da menor oferta e apresentaram ligeira alta ao longo do mês. Pelo lado da exportação os dados da primeira semana de julho vieram em direção diametralmente oposta aos divulgados em junho, com um volume diário que se mantido configurará exportações de mais de 150 mil toneladas no mês, que seria novo recorde para o mês. Da mesma forma que não era razoável se assustar com as exportações de junho, também não é correto se animar com o resultado dessa primeira semana de julho.
O mais provável é que o ritmo dos embarques afetado pela greve dos caminhoneiros ainda esteja sendo regularizado e essa situação tenha causado alguma distorção nos dados da exportação. De todo modo a expectativa é que as exportações devem continuar com uma boa dinâmica no segundo semestre de 2018.
O rumo do mercado futuro dependera em grande parte da evolução das cotações do mercado físico daqui em diante, já que apesar de menor, o ágio embutido na curva ainda é relevante e se o ritmo das altas no físico não for suficiente para voltar a “empurrar pra cima” as cotações futuras, novas correções podem vir a acontecer.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***