Goiânia, 11/09/2018 – O diretor da Radar Investimentos, Leandro Bovo, afirmou há pouco que a recuperação sustentável da arroba tende a ocorrer no médio prazo, entre os anos de 2019 e 2020. Para tanto, o setor dependerá de alguns gatilhos como exportação aquecida, retenção de matrizes e redução no diferencial de base entre as praças pecuárias. Bovo realizou apresentação durante a 11ª edição do Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf), promovida nesta terça-feira em Goiânia (GO) pela Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon).

Com relação às exportações, ele destacou o recorde de 144,4 mil toneladas de carne bovina in natura atingido em agosto, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). “O comércio internacional pode dar um primeiro alento ao mercado pecuário, porque devem continuar em ritmo positivo”, estima.

No entanto, “o Brasil precisa reduzir a dependência das vendas para a China, que representam quase 50% da proteína bovina que embarcamos”, alertou o especialista. Apesar dos chineses serem importantes compradores, ele acredita que a dependência faz que o País fique suscetível a perdas caso haja qualquer mudança ou problema na capacidade de compra do país asiático.

Outro gatilho é a provável retenção de matrizes que, por uma questão de oferta, pode auxiliar os preços da arroba bovina. “O diferencial de base entre as praças pecuárias pelo País e a referência de São Paulo está cada vez mais estreito, então as indústrias não conseguem segurar o avanço nos preços das ofertas por muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, os frigoríficos terão que pagar mais em SP”, explica sobre o mercado físico do boi gordo.

No curto prazo, o ponto positivo é que a concorrência entre a carne bovina e a de frango pode diminuir porque os preços da proteína de ave não estão mais em níveis muito mais baixos que os da carne de boi. Em contrapartida, a tabela de fretes gera incertezas sobre a precificação na dieta do gado. “Neste contexto de incertezas, inclusive política e econômica, os pecuaristas precisam evitar a criação de dívidas indexadas à arroba”, sugere. (Nayara Figueiredo, nayara.figueiredo@estadao.com)*


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