Por Douglas Coelho
O mercado físico do boi gordo teve poucas alterações nos últimos dias. Para ser mais exato do dia 25/set adiante. Isto porque as escalas de abate em SP ganharam algum fôlego incentivadas por chuvas temporárias e um aumento do volume de termo saindo dos confinamentos.
Atualmente, os frigoríficos tentam os segurar os preços de balcão ao redor de R$151,00 e R$153,00/@, à vista, bruto de impostos. Note que houve um recuo ligeiro entre R$1,00 e R$2,00/@ do que havia nos dias anteriores.
No entanto, a resposta do mercado futuro em relação a estes movimentos foi rápida e concreta. Em menos de uma semana, o contrato de out/18 que trabalhava com ágio frente aos negócios do físico, hoje já precifica algum deságio.
É fato que os preços dos grãos não favoreceram o primeiro giro, ao passo que foram mais “amigáveis” ao segundo giro para o confinador, o que pode configurar alguma concentração de desova durante este mês. Por outro lado, seria muito leviano pensar apenas na oferta.
Olhando pelo dos fundamentos da demanda, as vendas para o mercado externo estão com vigor. O último mês foi mais um recorde de embarques de carne bovina in natura, com 150,7 mi toneladas, um crescimento de 34,8% ano contra ano. Apesar do recuo recente do dólar, a questão estrutural (fiscal e incerteza política) do país está longe de ser resolvida, o que embasa alguma expectativa de firmeza da moeda norte-americana contra o real. Os frigoríficos que acessam o mercado asiático (principalmente a China) querem aproveitar ao máximo essa janela.
Já no mercado interno, a carne com osso teve um mês completo de valorização em set/18, saindo de R$9,44/kg para R$9,92/kg. Reforçando a ideia que os embarques em ritmo acelerado também colaboram para enxugar os estoques domésticos.
Diante deste cenário, a pergunta que eu deixo para o leitor é: qual foi o fato relevante que ocorreu para o mercado precificar o boi gordo de out/18 de R$153,00/@ para R$148,50/@ poucos dias úteis?
A volatilidade no mercado financeiro tem sido alta nos últimos dias, o que abre oportunidades rápidas para proteção ou potencialização de ganhos nos próximos meses.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***