Por Leandro Bovo

Fica difícil fazer uma análise geral do mercado físico em São Paulo porque hoje temos duas realidades bem diferentes entre as industrias grandes e as pequenas. As grandes estão mais bem abastecidas por bois comprados a termo e/ou contratuais e pressionam fortemente o mercado oferecendo preços sempre abaixo da referência na base do “se colar colou”. Já as menores que não têm essa facilidade acabam pagando preços acima da referência na maioria das vezes ao redor dos R$150,00/@ a vista para se descontar o Funrural. O Indicador Esalq vem refletindo nos últimos dias apenas a realidade de preços das grandes indústrias, estando cotado atualmente em R$146,15/@, livre, à vista, depois de fazer mínima em R$ 144,95/@ no dia 6/11.

A razão para os frigoríficos menores estarem mais agressivos nos preços é a melhora na demanda da carne no mercado interno, que teve uma virada de mês bastante positiva com feriado, que significa menos dias de produção e maior consumo, jogando para cima as margens como pode ser visto no gráfico abaixo, que evidencia a diferença entre o preço da carne no atacado e o Índice Esalq à vista.


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O clima tem contribuído muito com os produtores nesse começo de safra e as chuvas em praticamente todas as regiões produtoras têm sido acima da média indicando um ótimo potencial de engorda do gado nas pastagens. Ainda não houve tempo hábil para termos oferta de gado a pasto, com exceção de fêmeas do Mato Grosso do Sul que já começaram a ser ofertadas, porém essa ainda é uma realidade regional e não nacional. Por outro lado, é consenso que a grande maioria dos confinamentos abate seus últimos lotes do ano em novembro, deixando pouco espaço para pressões pontuais nesse seguimento.

Com a capacidade de suporte das pastagens caminhando para atingir o seu ápice nos próximos meses, o pecuarista fica numa situação muito confortável para decidir o melhor momento de venda de seus animais, o que desloca bastante o jogo de forças atual do mercado.

O final do ano é historicamente um bom período de venda no mercado interno, esse fator aliado à menor oferta de gado confinado tende a ajudar a mudar um pouco a realidade de pressão que o mercado vive atualmente. A conferir.

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***