São Paulo, 13/11/2018 – A permanência da guerra comercial entre China e Estados Unidos tem feito com que os norte-americanos percam competitividade no mercado de carnes chinês para os brasileiros. Durante o Summit Agronegócio Brasil, realizado nesta terça-feira, na capital paulista pelo Estadão, o vice-presidente da ED&F Man Capital Markets, Michael McDougall, citou o contrato recente de uma companhia do Brasil com a China, em referência à negociação entre a JBS e o Alibaba anunciada na última semana.

Se o espaço para crescer em exportação foi um ponto positivo para o Brasil, o ponto negativo está no aumento dos custos de produção. Para McDougall, a guerra comercial impulsionou os preços da soja no Brasil e, consequentemente, do milho, fatores que inflam a despesa do setor de proteína animal com ração. “Aqui, o valor do cereal já chegou a ficar 20% acima da cotação na Bolsa de Chicago (CBOT)”, lembrou o executivo. Os segmentos de aves e suínos são os mais afetados.

“Negociação da China com os Estados Unidos vai demorar. O Brasil tem oportunidade de exportar mais para China e deve aproveitar ampliando plantio, pois levará anos para os chineses diversificarem o fornecimento da oleaginosa”, explicou.

Mc Dougall espera que o plantio de soja avance cerca de 4% no Brasil e o aumento só não é maior devido ao entrave com o tabelamento de fretes rodoviários. Para o ano que vem, o preço da soja deve ficar em torno de US$8,75 por bushel e o milho entre US$ 3,90 e US$ 4,00 por bushel na CBOT. (Nayara Figueiredo e Clarice Couto, nayara.figueiredo@estadao.com, clarice.couto@estadao.com)