O mercado de milho vem trabalhado em ambiente firme praticamente desde novembro do ano passado, com o indicador Esalq à vista saindo das mínimas próximo de R$34,00/saca em final de outubro de 2018 para a máxima recente de R$42,00 em final de fevereiro. Este movimento de alta após a pressão do final do escoamento da safrinha de 2018 é natural, esperado e historicamente tem seu pico coincidido com o ápice da colheita das safra verão de soja, quando a logística se volta toda para a oleaginosa, encarecendo fretes. Portanto, dificultando a chegada de milho de outros estados a São Paulo e encarecendo o cereal por aqui.
Como os estoques de passagem de 2018 para 2019 eram relativamente confortáveis, a alta do milho tinha características muito mais conjunturais do que estruturais. Ou seja, ela não era movida por uma escassez ou falta do produto, mas sim pelo conforto do vendedor e sua recusa em vender nos preços negociados até então. Este tipo de mercado é o que que referenda o ditado de mercado que diz que “os preços sobem de escada e descem de elevador”, já que enquanto a alta perdura o vendedor sempre tende a segurar e esperar por preços mais altos, porém quando os primeiros volumes maiores de oferta começam a aparecer todos tentam acelerar as vendas e os preços caem muito rápido.
Independente dos motivos, esse movimento foi exatamente o que aconteceu com o milho nessa semana, com fortes recuos tanto no Indicador Esalq à vista como nos mercados futuros, com destaque para maio, que recuou mais de 10% frente a suas máximas em apenas 3 dias, como pode ser observado no gráfico abaixo:
Sempre que ocorrem movimentos tão rápidos e bruscos como esse, a tendência é que os contratos futuros exagerem na intensidade, gerando distorções que podem ser aproveitadas por quem precisa fixar preços de compra ou comprar seguro contra possíveis altas no futuro.
Esta queda atual já começa a abrir boas oportunidades para os pecuaristas fixarem seus contratos de fornecimento de milho para a entressafra, apenas como referência, o seguro de alta de nível R$37,00/saca para julho poderia ser comprado hoje (14/3) ao redor de R$0,80/saca.
Já para setembro o seguro do mesmo preço máximo custaria ao redor de R$1,10/saca. O preço máximo de nível R$40,00 para setembro custaria ao redor de R$0,50/saca.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***