Por Douglas Coelho da Radar Investimentos
Na manhã desta quinta-feira (18/4), o contrato do boi gordo de out/19 atingiu o patamar de R$160,00/@, na máxima de 2019. Este movimento acontece mesmo com a queda de R$2,90/@ do indicador Esalq-USP no dia anterior, que saiu de R$156,90 para R$154,00/@ em SP.
A tônica pelo lado do noticiário do setor de proteínas tem sido a quebra da produção de suíno da China. Durante esta semana, alguns bancos de investimentos comentaram que este quadro poderia beneficiar diretamente o setor de carne bovina do Brasil. O estrago naquele país já foi feito, mas a recuperação do plantel certamente não será em curto prazo. Este pilar forte alimenta o otimismo da pecuária para o segundo semestre de 2019.
No entanto, olhando para o mercado interno, boa parte dos economistas e o próprio Banco Central (que faz o compilado destas estimativas) reduzem consecutivamente os dados de crescimento econômico (PIB) do Brasil. Este é o contraponto de uma retomada muito vigorosa olhando para os próximos meses.
Já no dia-a-dia, focando no mercado físico, é fato que as escalas de abate em São Paulo tiveram um ligeiro alívio frente às semanas anteriores. Por outro lado, os preços da carne no atacado seguiram firmes mesmo durante meados de abril.
Em mais um mês, a arroba do animal terminado ignorou o padrão histórico de pressão de preços em plena safra. Este movimento também merece cautela. Inclusive redobrada no período sazonal de desova. Mesmo que as expectativas sejam boas olhando adiante é valido lembrar que a dinâmica de chuvas e o represamento de animais nos primeiros meses de 2019 foi atípica comparados a 2017 e 2018.
O ponto positivo é que com a força da arroba, a dinâmica de hedge via mercado futuro ou mercado de opções ganha tração. Historicamente, isso ocorreu nitidamente entre 2006/2007 e 2009/2010, como já escrevemos neste espaço em edições anteriores.
Para os pecuaristas que não contam com o ovo dentro da galinha este cenário, no final desta semana (15-18/4) as referências de preços de seguros de baixa (put) para maio/19 com strike de R$154,00 estavam com o custo do prêmio ao redor de R$1,00/@ e para outubro/19 com o mesmo strike com prêmio ao redor de R$1,20/@.
A bonança não para por aí. Para completar, a Páscoa do pecuarista/confinador, o contrato do milho set/19 no mercado futuro atingiu a mínima do ano em R$32,50/sc. As variações de preços têm soprado a favor de quem esteve atento ao mercado, mas nunca é tarde para fazer a lição de casa.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” da Scot Consultoria***