Por Leandro Bovo da Radar Investimentos

A liberação das exportações à China trouxe de volta a normalidade ao mercado pecuário e o cenário de preços já é praticamente o mesmo vigente antes do auto embargo. O que mudou, por incrível que pareça foi a dificuldade de compra das industrias, que atualmente está maior do que antes, contrariando um pouco a realidade de final de safra que se esperava para o momento.

O cenário é de preços firmes e escalas bastante curtas no Brasil todo e quem precisou comprar teve que pagar preços mais altos. Essa realidade do mercado físico foi o gatilho para nova onda de valorização no mercado futuro, onde toda a curva de preços renovou suas máximas do ano até agora. O destaque desse movimento foi novamente o contrato de out/19 que no pregão de 18/06 fez sua máxima do ano em R$165,75/@. O contrato de outubro é tido como a referência de preços para a entressafra e é onde existe o maior número de contratos em aberto e maior números de contratos negociados. Essa maior liquidez atrai os especuladores, que com maior facilidade para entrar e sair tendem a concentrar nele suas apostas.

Este fato acaba gerando distorções como a que observamos nessa semana, com o contrato de outubro operando com diferenciais de 6/@ e 3/@ para os vencimentos de agosto e setembro respectivamente. Acompanhe esses diferenciais no gráfico abaixo.


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Muitos no mercado acreditam que o balanço oferta x demanda mais altista do ano não ocorrerá em outubro como os preços futuros sugerem, mas sim em agosto ou setembro e para quem pensar dessa forma e quiser apostar na redução do desse diferencial de preços, a operação recomendada é o Spread, comprando os vencimentos mais curtos (agosto e setembro no caso) e vendendo o contrato mais longo (outubro no caso).

Esta operação será ganhadora se o diferencial de preços entre esses meses diminuir, e esse cenário poderá ocorrer tanto no mercado em alta como no mercado em baixa, o que faz do “spread” uma operação bem menos arriscada do que uma operação simples de compra ou venda apenas.

Historicamente não há justificativas para um carrego tão grande concentrado no outubro, até porque, esse carrego pode ajudar a direcionar mais animais para serem abatidos nesse mês, o que ajudaria na diminuição do diferencial de preços. Essa operação também pode ser usada para quem tem que fixar suas vendas a termo por exemplo em agosto ou setembro, mas quer “aproveitar” pelo menos uma parte do carrego concentrado no vencimento de outubro, onde caso essa aposta seja correta e não haja fundamentos no físico para isso, diminuiria o spread e a posição na bolsa apresentaria ganhos ao ser liquidada.

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quarta-feira (19/6) da Scot Consultoria***