Por Douglas Coelho da Radar Investimentos

Os últimos dias de julho foram de preços de lado, seja no mercado físico ou no mercado futuro do boi gordo. Boa parte dos corretores do mercado físico relata que o volume de animais negociados em julho foi acima do comum para o período.

Diante deste cenário descrito por eles é possível pensar que a dinâmica de chuvas acima da média durante o primeiro semestre e a chegada de frentes frias forte em julho, o que favoreceu uma desova mais concentrada da safra de animais terminados.

Pelo lado da demanda, as reclamações sobre o ritmo das vendas no atacado foram frequentes. Sazonalmente, com as férias escolares, há uma ligeira mudança no food service, o que também desacelera o fluxo das vendas.

O título do artigo de hoje faz referência, há uma possível mudança dos fundamentos neste mês de agosto.

Pelo lado da oferta, mesmo que incipiente, a procura por fêmeas bem terminadas está em ascensão, parcialmente para preencher nichos de mercado. Além disto, a parcela de animais de pasto dentro dos abates das próximas semanas já é relativamente menor frente às semanas anteriores.

Olhando para a demanda por carne bovina, há dois pontos que podem colaborar para um quadro mais construtivo, um deles vem do mercado interno e outro do mercado externo.

No mercado interno, as férias escolares terminaram e a possibilidade de saque do FGTS ameniza pontualmente a situação da renda disponível da população. Esta combinação pode ser um ponto de atenção.

No mercado externo, a expectativa da habilitação de mais plantas pela China não morreu. Aliás, o presidente do Conselho de Adm. de uma grande empresa de proteína afirmou em entrevista nesta semana que as habilitações podem ocorrer em questão de semanas.

Olhando ainda para fora do país, hoje a subsidiária de frango da JBS nos EUA, Pilgrims´ Pride reportou um lucro líquido do 2ºT19 59,7% maior frente ao mesmo período de 2018. Em nota, a empresa afirmou que o incremento da rentabilidade foi impulsionado, em parte, pela alta nos preços do frango. Diante da dinâmica da produção de proteína animal no mundo, e principalmente na Ásia, este fato também pode ser encarado como um ponto de atenção.

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (1/8) da Scot Consultoria***