Por Douglas Coelho da Radar Investimentos

Nos últimos dias temos visto um vazio muito grande dos negócios no mercado físico em São Paulo. Em meio aos levantamentos, temos escutado até mesmo de pecuaristas a expressão “fora das vendas”.

A verdade é uma só, 2019 foi um ano de bons preços, seja para indústria ou para o pecuarista, as novidades, principalmente do mercado externo, aqueceram o mercado e o fluxo de negócios esteve concentrado entre set/19 e o final de nov/19. Historicamente é comum ver essa morosidade entre as duas semanas finais do ano e as duas semanas iniciais do ano seguinte.

Ao assimilar esta questão e olhando para o cenário adiante, a visão é construtiva, como um todo.

Pelo lado das exportações, as habilitações de plantas para China, Indonésia e Arábia Saudita formaram um pilar muito forte para o escoamento externo nos meses seguintes. As renegociações de preços são comuns entre compradores e vendedores, mas a crise de proteínas na Ásia é latente e mantém o Brasil como fornecedor em uma posição relativamente confortável.

No mercado interno, semana após semana, temos vistos economistas renomados, casas de research independentes e o próprio Banco Central aumentando as estimativas para geração de riquezas do Brasil. Exemplo disto, é o Boletim Focus, elevando a projeção do PIB de 2019, de 0,9% para 1,2% e subindo o de 2020, de 1,8% para 2,2%.

Para o pecuarista que está vendo toda essa oscilação de preços e gostaria de trabalhar mais estruturado em 2020, o arroz com feijão nunca sai de moda.

Para quem precisa correr atrás da reposição e deseja se proteger de preços mais altos, a compra de call (trava de alta) é eficiente e direta, pois o produtor negocia o direito de ficar comprado. Já aquele pecuarista que sabe que terá arrobas para serem abatidas nos próximos meses, a put (seguro de preço mínimo) traz a segurança financeira da boiada no pasto, assim como o seguro protege o automóvel de imprevistos.

Recentemente, a B3 manifestou interesse em ser mais agressiva para atrair pessoas físicas (investidores, pecuaristas, especuladores e outros) em 2020. Isto pode ser uma boa oportunidade para quem esteve de fora, apenas olhando, também ser mais ativo em sua gestão de risco da porteira para dentro.

As palavras do diretor da B3 em entrevista recente foram: “O Brasil está mostrando que vai endereçar a questão do crescimento, de reformas, de estabilidade fiscal, então é razoável falar em perspectiva de um novo ano de recordes para o mercado de capitais”.

Faço das palavras dele as minhas e, por que não, estender estes recordes também para o mercado pecuário?!

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (19/12) da Scot Consultoria***