Por Leticia Pakulski da Agência Estado

São Paulo, 25/05/2020 – As chuvas dos últimos 10 dias foram favoráveis para as lavouras de milho safrinha do Paraná, disse ao Broadcast Agro o analista de milho do Departamento de Economia Rural (Deral), Edmar Gervasio. Ainda assim não impedirão as perdas no milho de segunda safra. “O Estado do Paraná está na maior seca da sua história, que afetou praticamente todas as fases da lavoura, desde o plantio até agora, em que o milho está em frutificação e entrando em maturação”, afirmou Gervasio. “No último relatório do Deral, a gente estimou uma perda em torno de 600 mil toneladas. Vamos rever esse número esta semana e invariavelmente ele será maior. Podemos até falar no Estado (de perdas) em torno de 1 milhão de toneladas, por baixo.” No relatório de abril, o Deral projetou safra de inverno de milho no Estado de 12,235 milhões de toneladas, queda de 8% ante o ciclo anterior.

Conforme o analista, no geral o milho estava precisando de muita umidade. “As chuvas que tivemos nos últimos de 10 dias, e que na última semana vieram em volume maior, são muito benéficas para a cultura, que sofria de forma intensa com a seca no Estado”, disse. Regiões como Campo Mourão e Francisco Beltrão tiveram acumulados de mais de 200 mm no último fim de semana, segundo ele. O aumento da umidade ajudou a “estancar uma perda maior”, disse Gervasio. “Teremos lavouras que vão se recuperar e vão atingir potencial produtivo total. Por exemplo, na região norte do Estado, existe essa chance ainda, porque o plantio e a colheita ocorrem mais tarde por lá”, afirmou.

Já a previsão de geadas em intensidade leve a moderada para as próximas 72 horas não é um fator de grande preocupação para o milho neste momento, conforme o analista. As geadas no fim de maio e começo de junho costumam ocorrer de forma mais intensa no sul do Paraná, onde não há grandes áreas de milho safrinha, segundo o analista. Já para áreas do oeste do Estado, onde o fenômeno também pode ocorrer, a intensidade prevista é menor. “O milho é, de certa forma, resistente a essas geadas de leve intensidade. Não devem gerar problemas neste momento.”

Trigo

As precipitações mais fortes dos últimos dias podem, entretanto, levar a replantio de trigo em áreas pontuais, de acordo com Gervasio. Em seu relatório diário, o Deral apontou que, na região de Cascavel, o acumulado variou de 100 a 300 mm entre a madrugada do dia 22 e o dia 24. Só no município de Cascavel, nos diferentes pontos de medição, as chuvas oscilaram entre 127 mm e 262 mm. As maiores precipitações se concentraram nos municípios ao norte da regional: Anahy (250 mm), Nova Aurora (260 mm), Corbélia (283 mm), Iguatu (290 mm) e Cafelândia (300 mm).

“Este acúmulo de chuva, em pouco tempo, provocou erosão e perda de lavoura recém plantada, no caso o trigo”, disse o técnico Jovir Vicentini Esser, no relatório diário do Deral. Ele destacou que ainda não é possível quantificar as áreas a serem replantadas, seja porque o problema é recente seja pela dificuldade de visitas técnicas devido à pandemia de covid-19. “Porém já temos informações de áreas a serem replantadas, em especial nestes municípios de maiores volumes, como Cafelândia, Nova Aurora, entre outros, pontualmente”, disse.