Por Douglas Coelho da Radar Investimentos

Ao que tudo indica a entressafra chegou com vigor mais cedo do que o esperado. Isto porque as cotações da arroba do animal terminado em São Paulo dispararam 7,1% em junho, saindo de R$204,00 para R$218,40/@, á vista.

O movimento não foi observado apenas no estado, mas em praticamente todas as praças do Centro-Sul brasileiro, tais como: Triângulo Mineiro (+8,5%), Campo Grande-MS (+10,2%), Dourados-MS (+14,0%), Goiânia-GO (+12,8%), Rio Verde-GO (+13,6%) e Cuiabá-MT (+12,1%) desde o dia 1º de junho até o último dia útil.

A disponibilidade de animais terminados é restrita e isto também tem se refletido nas cotações da carne durante todo o período. Com os abates enxutos e a exportações drenando boa parte da produção, as cotações da carne no atacado também reagiram positivamente.

Para contextualizar, as exportações de carne bovina in natura do Brasil em junho/20 totalizaram 152,5 mil toneladas (fonte MDIC), 33,2% a mais do que no mesmo mês de 2019. Pelo lado do atacado, o atual preço da carcaça casada, de R$14,54/kg (fonte Cepea) está 6,6% acima dos valores do início de junho/20.

A velocidade e o ímpeto da reação dos preços já no primeiro mês da entressafra chamaram nossa atenção e liga um alerta para uma possível quebra da sazonalidade em 2020. Note que o volume exportado de carne bovina deste último mês foi historicamente alto, com diferença de 8 mil toneladas do recorde visto lá em out/19.

Outro ponto que pode colaborar para uma dinâmica atemporal dos preços da arroba foi o movimento dos confinadores observado neste ano. Durante Mar/20 e Abr/20, o temor do conoravírus na economia impactou não só a intenção de confinamento, mas também o mercado futuro, inviabilizando a trava de preços naquele período. Os preços da dieta e da reposição também não incentivavam.

Por outro lado, temos percebido uma corrida de parte dos participantes em confinar e proteger os animais que foram fechados para o segundo giro. Portanto, não seria um ponto fora da curva pensar que o semi-confinamento e o confinamento sejam mais expressivos nos meses de set-out-nov frente aos meses anteriores.

Daqui até lá resta observar se a reabertura gradual da economia acordará os braços adormecidos do food service/cozinha industrial, pois há muita água para passar embaixo desta ponte…

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (2/jul) da Scot Consultoria***