Por Leandro Bovo da Radar Investimentos
Desde a eclosão da crise do coronavírus, quando o contrato de outubro derreteu para a mínima de R$ 177/@, o vencimento de outubro sempre ficou abaixo do mercado físico, como pode ser observado no gráfico abaixo:
No primeiro momento, a incerteza e o medo ligados ao corona eram enormes e ninguém tinha a menor ideia de qual seria o real impacto disso na economia e nos preços do boi gordo para o restante do ano. Na dúvida todo mundo vendeu primeiro e foi aprofundar as análises depois e esse movimento trouxe os preços do mercado futuro em geral, e do vencimento de outubro em particular abaixo do mercado físico. Ocorre que nas emanas seguintes á essa queda brutal, o mercado físico foi aos poucos se acomodando e recuperando os patamares anteriores à crise, já o contrato de outubro nunca mais recuperou seu ágio normal contra o mercado físico, como pode ser observado no gráfico.
Não é exagero dizer que desde meados de março, o boi mais barato do Brasil sempre tem sido o contrato de out/20 no mercado futuro e essa realidade permanece até hoje. Esse desincentivo ao confinamento num momento de forte aumento de custos com alimentação e boi magro, foi o que nos trouxe à situação atual de um verdadeiro “apagão” de oferta de julho até agora. Só que apesar da alta do mercado futuro nos últimos meses, essa situação ainda permanece vigente e em muitos casos até piorou, já que a alta do milho, soja e boi magro foram até maiores do que a alta do boi gordo no mercado futuro. Com esse desincentivo ao confinamento ainda presente, faz sentido seguir apostando num aumento de oferta e numa possível queda de preços á frente?? O deságio da curva futura nos indica que mesmo errado até agora, o mercado segue dizendo que sim. Vamos ver qual será o veredito do mercado físico nos próximos meses.
***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (7/ago) da Scot Consultoria***