Por Leandro Bovo da Radar Investimentos

Não há muito o que acrescentar sobre a situação do mercado físico de boi gordo, que permanece exatamente na mesma situação da semana passada, pouca oferta e extrema dificuldade de compras. A única diferença são os preços que subiram novamente e hoje já existem negócios de até R$ 295/@ em São Paulo. Essa alta, no entanto, não foi suficiente para aquecer o ritmo de negócios que permanecem ainda em ritmo de férias.

Com a produção de carne em níveis tão baixos, nem mesmo a tradicional diminuição da demanda do mercado interno no começo do ano conseguiu frear a alta no preço da carne, que também subiu na primeira quinzena de janeiro e segue dando sustentação aos preços do boi gordo atualmente.

A má notícia desse começo de ano para o pecuarista é o preço do milho, que novamente tem assustado quem não tem estoque e precisa comprar o cereal no mercado spot. A baixa disponibilidade e a total falta de interesse na venda, mesmos nesses preços recordes, tem causado muitos problemas aos pecuaristas, estragando um pouco a comemoração pela alta de preço no boi. Como o milho subiu muito mais do que a arroba, a relação de troca boi gordo x milho segue caindo e hoje está em 3,41 scs/@ ou 15% pior que a média histórica e em linha com as piores relações de troca dos últimos anos, como pode ser vista no gráfico abaixo:


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Se extrapolarmos essa realidade para os próximos meses, usando como referência os preços de boi gordo e do milho no mercado futuro, também não vemos nenhum sinal de melhora, na verdade a relação de troca fica ainda pior, já que o contrato futuro de março projeta alta de mais 3,5% no cereal, enquanto o mercado de boi precifica preços estáveis. Mesmo para os contratos com vencimento depois da entrada da safrinha a situação ainda é complicada, com a relação de milho set21 com boi out21 em 3,80, ou seja, ainda bem abaixo da média histórica.

Ainda é cedo para acreditar que essa situação tenha alguma implicação relevante na intenção do pecuarista em fechar seus bois ou não, porém tento o ano passado como referência, essa conjuntura é uma péssima sinalização para a evolução da oferta de boi no restante do ano.

***Texto originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia” nesta última quinta-feira (15/jan) da Scot Consultoria***