Por Felipe Saturnino, Valor — São Paulo

A taxa de câmbio poderá cair a R$ 5,30 no curto prazo, se o ritmo da vacinação no Brasil se acelerar ao entrar no segundo semestre, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest. Segundo Consorte, uma imunização em massa poderia reduzir o risco fiscal ao propiciar a reabertura da economia.

“O câmbio, como os outros ativos, depende muito do ritmo de vacinação. O quanto mais cedo sairmos da crise, mais rápido poderemos ver o dólar pode se depreciar”, avalia a profissional. “Se a vacinação se acelerar, temos chance de um câmbio mais baixo, a R$ 5,30, no curto prazo.”

Este patamar do dólar, no entanto, ainda “é muito alto”, pondera ela. “O risco fiscal é uma variável que sem dúvida contribui com um dólar nesse nível. Mas este risco está diretamente relacionado à pressão por gastos, então, no fim das contas, a vacinação e a reabertura da economia podem aliviar o fiscal.”

Para Consorte, a elevação da Selic terá pouca influência em uma depreciação cambial. Isto porque os aumentos do juro básico já se encontram implicados nos preços atuais do mercado, como indicam as precificações da curva de taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DI).

“Só mexe se o Banco Central for muito hawkish. Aí sim, teremos um pouco de queda”, diz Consorte. Para a economista, o retorno do auxílio é mais uma das razões para o Copom iniciar o ciclo de normalização monetária no próximo encontro.

“Com o auxílio de volta, você pode transmitir mais os preços do câmbio para a inflação, que tem se acelerado. Os juros não conseguem cair pois o fundamento macroeconômico não dexa. O cenário é muito ruim, e de todos lados”, completa ela, citando o recente avanço dos rendimentos dos Treasuries de dez anos dos Estados Unidos. Segundo ela, um movimento de “flight to quality” está em curso de investimentos para os títulos públicos americanos, com consequências negativas para as moedas emergentes.