Por Leandro Bovo da Radar Investimentos

Depois de mais de 60 dias de queda ininterrupta, os preços do boi gordo parecem ter achado um piso e a indústria passou a ter dificuldades em impor novos recuos. Nesse período os preços recuaram de ao redor de R$ 315/@ para a mínima de R$ 255/@ em São Paulo, uma queda de quase 20% que causou enormes estragos aos pecuaristas do Brasil todo. A boa notícia é que aparentemente as cotações acharam um piso e o fluxo de oferta na faixa inferior dos preços tem diminuído dia a dia.

Depois de um movimento tão prolongado de queda já era esperado que as cotações iriam achar suporte em algum nível de preço e aparentemente esse nível foi dado pelas ótimas margens das indústrias no mercado interno que estão atualmente em linha com os melhores momentos da história para os frigoríficos. Observem no gráfico abaixo que mostra a relação entre o valor apurado pela venda da carne com osso no atacado e o preço pago pela @, quanto mais acima de 0 é o resultado, mais positiva é a operação para a indústria.

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Depois do recorde de exportações em setembro, o volume embarcado em outubro sentiu o efeito da ausência da China e despencou, totalizando apenas 82 mil toneladas, uma queda de 56% frente ao mês anterior e 50% frente a out20, deixando as margens da indústria ainda dependente do mercado interno.

A margem das indústrias nas máximas é um ótimo indicativo de que os preços do boi gordo caíram demais e estão excessivamente baratos, porém ela sozinha não conseguirá reverter essa tendencia e jogar os preços para cima novamente. Será necessário além disso que as indústrias voltem a sentir a dificuldade no preenchimento das escalas e que a famosa “caixa de ferramentas” esteja vazia. O mercado ter parado de cair já é um primeiro passo nesse sentido, no seu devido tempo os outros fatores acontecerão e o mercado voltará a ganhar sustentação. Com China ou sem China.